sexta-feira, 6 de maio de 2016

12º Encontro Internacional de Música e Mídia Viver sua música

12º Encontro Internacional de Música e Mídia
Viver sua música
São Paulo
14 a 16 de setembro, 2016


Viver sua música... De quantas maneiras é possível? Talvez uma das experiências mais antigas seja a do acalanto, seguida das cantigas rimadas, das danças de roda. Na primeira infância, pela transmissão oral... Depois surgiria a prática instrumental, a escuta mais ou menos atenta, de acordo com o repertório e seus rituais de fruição.
Assim deve ter sido a vivência musical, até pouco mais de há cem anos. Mais propriamente falando, até o final do século XIX, com o advento da esquizofonia tecnológica. Transformações drásticas foram surgindo no modo de vida das pessoas, em poucos anos - fato inédito ao longo de mais de dois milênios. Com a invenção de recursos de captação, transmissão, amplificação, armazenamento das informações acústicas surgiram os aparelhos de gravação e, logo em seguida, de transmissão, possibilitando a criação e desenvolvimento daquilo que se convencionou denominar indústria cultural. Este novo panorama, atingiu vários setores da sociedade, abrindo novos horizontes em várias instâncias no âmbito econômico, cultural, artístico. Objetivamente, estreitaram-se as relações entre os campos de estudo da sonologia e a performance musical.
A mediatização técnica aos poucos promoveu, inicialmente, a escuta em local fixo - a sala residencial, a sala de concertos. Mais tarde, a escuta ambulante, com fones de ouvido de grife ou descartáveis, comprados de vendedores ambulantes a preços módicos. A era digital promoveu a interação do estímulo visual, em paralelo ao sonoro (e, em várias situações, o estímulo visual, antes coadjuvante, tornou-se a orientação da atitude da escuta...)
Viver a música implica, frequentemente, o uso de acessórios materiais que, na falta de outro nome, podemos chamar de instrumento musical. Dentre uma miríade de exemplos, podem ser lembrados o piano, o tambor, o iPod, o toca-disco e o smartphone, dispositivos usados para a produção ou reprodução musical em ambientes e culturas os mais variados. Muitos desses aparelhos lembram a proximidade do conceito tecnologia, palavra utilizada para falar de novas propostas de performance e escuta – isto é, de vivência – da música. Ainda que existam até hoje aperfeiçoamento em materiais ditos “tradicionais”, como vernizes para violinos ou ligas metálicas para instrumentos de sopro, o que tem ganhado muita atenção é o uso da eletrônica em geral e suas aplicações digitais em particular. Porém, afirma-se, todos esses meios técnicos podem servir ao fim último do viver a música.
No que diz respeito à performance, verifica-se que, inicialmente a fonografia elegeu a voz como fonte privilegiada das primeiras gravações. Tal fato concorreu, ao mesmo tempo, para a criação do hábito de escuta da performance sem a presença direta do corpo e, mais ainda, distante dos espaços canônicos de sua realização. Por outro lado, permitiu a veiculação de modelos estéticos vocais filtrados e padronizados segundo critérios não apenas estéticos e técnicos, mas também mercadológicos. Como consequência imediata, a outras formas de escuta que decorrem de tal experiência são contundentes: escuta-se a voz a partir de um corpo imaginado. Não obstante, a voz realiza a performance, fundamentalmente, por intermédio de seus aspectos peculiares de capacidade de transmissão de suas emoções.
Vive-se a música de acordo com os estágios da vida: o bebê percebe de maneira diferente da criança, do adolescente, do adulto e do idoso. E também vivem a música, de maneira singular, as pessoas que, por razões diversas, fogem ao padrão: cegos, surdos, deficientes intelectuais, físicos e também pessoas que sofrem alterações de ordem psíquica. Tais receptores ouvem com o corpo em formas e protocolos distintos, reconfigurados e redesenhados continuamente.
Viver a música também é estudar o papel da música na sociedade, sua relação com outras artes, sua relação com as instituições, seu papel na construção de conhecimento, nas formas de agir no mundo, seu papel na vida das pessoas, bem como as suas formas de apropriação: questões de gênero, seu uso político, até como arma guerra (etc.)
Enfim, vivemos nossa música de várias maneiras e em diferentes graus de proximidade: da escuta atenta a qual dirigimos nossa atenção de maneira intensa, à mais despretensiosa, conjuntamente ao desempenho de múltiplas tarefas... E, embora não pareçam, todas elas constituem operações de alta complexidade intelectual, que acabam resultando em hábitos corriqueiros.
Este 12º Encontro dedica especialmente sua edição à memória do compositor Gilberto Mendes, incentivador desta reunião científica desde sua primeira edição, em 2005. Por isso, tomamos o título de seu segundo livro de memórias como motivação para os debates que se desenrolarão ao longo de três dias. Mas também, aproveitamos esta edição para evocar outros nomes que viveram sua música de maneira muito especial: nomes que deixaram de ser pessoas, para se transformarem signos... Poderosos signos representantes de sua época, de sua estética e de sua maneira de propor a escuta e fruição da música: Pierre Boulez, Keith Emerson, David Bowie, Prince, Severino Filho, Nicolaus Harnoncourt, Naná Vasconcelos, George Martin... Assim como não-músicos profissionais que viveram a música de outra forma, como Rogério Duarte e o teórico Umberto Eco. A organização do 12º Encontro convida os interessados a participarem das discussões, como ouvintes ou propondo comunicações, dentro dos eixos temáticos, a seguir:

Eixos temáticos:
         Viver a música, na diferença
Coordenação: Harete V. Moreno, Ricardo Santhiago, Wladimir Mattos.
A fruição musical está diretamente relacionada às diferentes formas de ouvir, pensar e expressar a música. O estudo destes comportamentos e suas motivações tende a tomar como base alguns padrões definidos como típicos do ser humano. Entretanto, muitas pessoas vivem as suas músicas em condições físicas, psíquicas e socioculturais que não correspondem a estes padrões. Há também importantes diferenças quanto à nossa experiência musical a cada estágio da vida: o bebê percebe de maneira diferente da criança, do adolescente, do adulto e do idoso. Vivemos a música em formas e protocolos distintos, continuamente reconfigurados e redesenhados. Este eixo pretende discutir estes “atravessamentos” que nos permitem compreender o que é viver a música, nas diferenças.

2       Ouvivendo a música: voz, corpo e emoção
Coordenação: Heloísa Valente e Juliana Coli
Recentemente, os avanços tecnológicos das linguagens da comunicação têm possibilitado a mensuração da voz humana cantada e falada, sob vários aspectos. Por se tratar do instrumento que reúne num só corpo instrumento e meio de execução e, tendo em conta que cada corporeidade vocal em registros fonográficos não pode ser apreendida objetivamente pela totalidade da performance (cf. Zumthor), conceitos oriundos da psicofonética (Fonágy), bem como da psicologia/personagem vocal (Bouchard), podem resultar em uma aproximação das nuances representadas pela complexidade do objeto em si: a voz. Ao mesmo tempo, a experiência da performance vocal dos “intérpretes incorpóreos”, podem expandir e acrescentar novas realidades estéticas, promovendo novas formas de sensibilidade e novas situações de escuta (novos contextos e lugares) ampliando, assim, os instrumentos de análise dos processos criativos, sem deixar de lado as performances convencionalmente estabelecidas.


3       Viver a música, no uso de instrumentos musicais
Coordenação: Theophilo Augusto Pinto e Sami Douek
Tendo como inspiração o pensamento de Antoine Hennion, propõe-se refletir sobre o instrumento musical não como um ente isolado, dado - ou seja, “morto”, estático - como se fosse apenas um elemento material a ajudar a compreensão de uma dada cultura. Também parece pouco pensar apenas sua evolução tecnológica sem que esta esteja ligada a outras dimensões do fazer música, seja na sua execução ou na sua escuta. Mais afirmativamente, este eixo temático pretende refletir sobre o instrumento musical como ator que, juntamente com partituras, pessoas, público (etc), negocia sua participação ativamente no uso dos recursos tecnológicos, na criação de gostos, estéticas, padrões de comportamento, narrativas e outros aspectos do viver musical.

4 Os poderes da música e a música do poder
Coordenação: Fernando Iazzetta e Paulo Chagas
Pode-se afirmar que, em grande medida, devido à sua natureza autorreferente, a música acaba é objeto de abordagens contrastantes, senão contrárias: De um lado, pode cimentar ou subverter relações de poder, tal como apontam destacados sociólogos (T. Adorno; J. Attali). De outra parte, pessoas envolvidas no universo musical (músicos, compositores, em particular) tendem a relegar a importância da música como linguagem da cultura, na sociedade e dentro do próprio campo artístico. Sob a alegação de ser uma arte abstrata, questões para além do que se costuma encampar no seu domínio (gramáticas, formas, estilos, etc.) acabam despercebidas ou desprezadas. Assim, o papel da música na sociedade, sua relação com outras artes, sua relação com as instituições, seu papel na construção de conhecimento, nas formas de agir no mundo, seu papel na vida das pessoas, bem como as suas formas de apropriação (questões de gênero, seu uso político, até como arma guerra, dentre outros) tornam-se temas periféricos. Sendo notória a necessidade de estimular debates a respeito, este eixo pretende discutir e problematizar as maneiras segundo e pelas quais se vive a música.



 Coordenação geral e curadoria:

Heloísa de A. Duarte Valente 
Simone Luci Pereira

Comitê científico e de leitura:

Harete Vianna Moreno
Juliana Coli
Marta Fonterrada
Ricardo Santhiago
Sami Douek
Theophilo Augusto Pinto
Wladimir Mattos

Fernando Iazzetta (Conselho consultivo/ convidado)
Paulo Chagas (Conselho consultivo/ convidado)


Secretaria e assessoria de comunicação
Raphael F. Lopes Farias
Paulo Henrique Lopes

Editor
Ricardo Santhiago

Webdesigner
Luiz Fukushiro


Convidados internacionais: 

Philippe Le Guern (Universidade de Nantes/ Musimorphoses), 
Sophie Maisonneuve (Universidade Paris Descartes- IUT; Musimorphoses) 
Rubén López-Cano (Escola Superior de Música da Catalunha)

Local: cidade de São Paulo (local a ser divulgado em breve)
Data: 14 e 16 de setembro.


Modalidades de participação:

Comunicações orais
Sessões de pôsteres
Sessões audiovisuais.


Datas importantes:Chamada para trabalhos: 
5 de maio a 10 de junho

Envio das propostas de trabalho: 
15 a 31 de maio

Resultado da seleção:
 20 de junho

Envio dos trabalhos completos: 
8 de agosto



quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Gilberto Mendes: concerto em março de 2015: Teresinha Prada

Divulgando homenagem de Teresinha Prada

Amigos,
com muita emoção vi que a Sintonize divulgou esse vídeo. Foi a última vez que estive com Gilberto Mendes, de 18 a 21 de março de 2015 em Campinas, no Instituto de Artes da Unicamp. Eu agradeço muito essa oportunidade. Abraços, Teresinha Prada.

Obras:
Blirium - 00:00
Preludio - 09:10
Quasi una Passacaglia - 11:30
Compositor - Gilberto Mendes (1922-2016)
Violão - Teresinha Prada


terça-feira, 5 de janeiro de 2016

GILBERTO MENDES, Surfando com James Joyce e Dorothy Lamour, nos mares do céu...


 MusiMid manifesta seu profundo pesar pelo falecimento de Gilberto Mendes (13/10/1922- 01/01/2016). Renomado compositor, professor, crítico e, nos últimos anos, romancista, Gilberto foi, além de tudo, um grande incentivador de todos as pessoas que a ele se dirigiram, solicitando orientação, opinião, sobre o que faziam. 


Quem pôde visitá-lo em sua residência certamente comprovará que de lá saiu com uma ideia a ser desenvolvida. 

Suas provocações instigantes, quase sempre lançadas de maneira delicada levaram muita gente a sair da tranquilidade que universo da redundância oferece, lançando-se à aventura do NOVO.
Este grupo de pesquisa a muito deve à figura dele: esteve presente desde os seus primeiros momentos, participando de maneira mais ou menos direta, como a produção do MusiMid comprova nos seus Encontros, iniciados em 2005 - e até antes deles. O Encontro de 2009 (O Brasil dos Gilbertos) talvez tenha sido a inspiração mais radical, resultando num belo livro, que organizei com Ricardo Santhiago (O Brasil dos Gilbertos:notas sobre o pensamento (musical) brasileiro, Letra e Voz).
A ciência e a medicina ainda não inventaram a vida eterna, mas a mente humana inventou os signos. 
Então, se Gilberto Mendes separou-se de seu corpo físico, tudo o que ele criou e transmitiu aos seus amigos, interlocutores e alunos permanecerá como signo: pelos vários registros que deixou mas, sobretudo pelos signos do afeto; pelas redes de amigos e continuadores de seus princípios estéticos e éticos!
Como líder do MusiMid, desde sua fundação, deixo minha modesta homenagem a este homem, com o qual tive o privilégio de conviver, por mais de 20 anos e que, foi uma das pessoas que mais radicalmente contribuíram para a minha formação intelectual.

Heloísa de A. Duarte Valente




Gilberto Mendes (1922-2016): Sailing in the Ocean of Creativity


Paulo Chagas

The Brazilian composer Gilberto Mendes passed away on Friday, January 1st 2016. He was one of these composers who always sought new directions for his music, who always challenged himself with new concepts and actions. Gilberto had a great impact on many generations of composers and musicians from Brazil and other countries including myself. He lived a long and happy life close to the Atlantic ocean in his beloved city of Santos, which was at the same time his safe haven and springboard for many endeavors in Brazil and around the world. As a self-taught composer, he grew up watching Hollywood movies, which was one of his great passions and constitutes a reference to understand his music. In the early 1960s he traveled to Europe and attended the composition summer courses in Darmstadt, Germany, which at the time was the mecca of the post World War II avant-garde music. There, Mendes had the opportunity to meet cutting-edge composers of the "New Music" such as Pierre Boulez, Henri Pousseur, and Karlheinz Stockhausen who, like him, where looking for new ways to express sounds and music. He assimilated and introduced in his own work some aesthetic trends of the New Music that played a crucial role in the music of second half of 20th century music such as integral serialism, aleatoric music, graphic music, Musique Concrète, and Elektronische Musik.
But Gilberto Mendes was not someone who just incorporated other's thoughts; he constantly generated his own conceptions and, above all, he put in practice his ideas in different contexts. Furthermore, his innovative attitude contributed to the development of Brazilian music and society. A significant initiative was the “Manifesto Música Nova” [New Music Manifest] that Gilberto released 1963 in collaboration with other composers and musicians. They swore the "total commitment to the contemporary world", which means accepting the economic reality of the mass media and the changing status of the artist in the society. The manifest points to the necessity to explore the new possibilities of electronic media and information technologies in a globalized world. They wanted new forms for a new society: Gilberto Mendes and his colleagues contributed to overcome the limitation of the nationalistic approach that shaped Brazilian music in the first half of the 20th century with the following message: if you pretend to be a Brazilian composer and create genuine Brazilian music, you have to look into the whole world and create music that reflects the issues of the time.
In 1962 Gilberto Mendes founded the "Festival Música Nova" [New Music Festival] and remained its artistic director and/or mentor until his death. The festival, which is considered one of the oldest of its kind in the world, has been an important platform of national and international exchanging and collaboration, a real bridge connecting Brazilian and musicians from all over the world. Gilberto commissioned new works, gave opportunity to emerging composers and invited prestigious musicians from Europe and North America to perform in the festival. For a composer as myself living since 1980 outside Brazil, the “Festival Música Nova” has been a great opportunity to connect with the Brazilian community and audience of contemporary music. For example, in 2008 I had the privilege to present in the festival my work Orbital Studies for piano and live-electronics (with a 8-channel sound spatialization system) in cooperation with the great Brazilian pianist Caio Pagano. Gilberto Mendes' musical openness provided the pluralistic vision that shaped the festival. His charismatic personality was crucial to ensure the continuity of this event, which has always fought against financial difficulties and the mediocre vision of Brazilian cultural institutions.
It is not easy to highlight the myriad of accomplishments by Gilberto Mendes. His compositions draw inspiration from many difference sources and have been performed worldwide. His works from the 1960's are particularly successful, such as the orchestral piece "Santos Football Music", a work conceived as a musical happening in which Gilberto critically reflects on the Brazilian passion for the soccer game and its idols such as “Pelé”, the greatest soccer player of all time who played in his hometown team Santos Footfall Club. His pieces for choir, mostly written for the "Madrigal Ars Viva" from Santos and using texts by Brazilian concrete poets, reveal an amazing deal of originality. For example, the madrigal "Beba Coca-Cola" [Drink Coca-Cola] with poetry by Décio Pignatari, a composition that explores the advertising appeal of the coke beverage and the disgusting effect it causes in our body (the singers burp on stage). When Gilberto Mendes started an academic activity he was already an accomplished composer. He was Visiting Professor at the University of Wisconsin-Milwauke (1978-9) and Professor of Composition at the University of São Paulo in the 1980s. But he was far away from being a typical academic composer. Besides composing, he was a passionate writer and journalist. For example, in 2009 he published the book "Viver Sua Música” [Living Your Music], which is autobiographic account of his life and music.
Gilberto Mendes lived an intense life, even in his later years. He never lost his curiosity and entrepreneurial spirit, which brought him to explore new cultures and musical horizons. His personality overflowed freedom and a great sense of humor. He embraced both the libertarian ideals of social justice and individual expression. As a former member of the Brazilian Communist Party, he nourished a great respect for the 20th century socialist revolutions, but critically recognized the harmful consequences of totalitarian ideologies. I visited Gilberto Mendes many times in his apartment in Santos and had the privilege to engage long conversations with him and his delightful spouse Eliane. We talked of course about music and composition—he was always interested in knowing what other composers were doing— but also a lot about politics, which was a subject of common interest. I could sense the great admiration he had for the American culture, Jazz music and especially Hollywood cinema, which seems to capture his extraordinary imagination. His mind was steadily grounded in the reality but continuously producing new insights and original thoughts. Sharing Gilbert's company was a real pleasure. He always surprised me with his impressive sense of humor and the ability to overcome the difficulties of life. He kept moving things around him and revealing the inconsistence of absolute truths; he had this incredible capacity of perceiving the absurd and comic that makes the essence of human. As I said above, Santos was for him a save haven. He never wanted to leave the city. His small apartment was located close to the beach in a dense urban environment. It had a balcony from which one could barely see the sea among the surrounding buildings that hinder vision. But one could feel the strong symbolic presence of the sea in Gilberto's live. It invaded his apartment and propelled his fantasy. Gilberto kept sailing in the ocean of creativity.